Há alguns anos atrás, a alguns anos mesmo, eu me imagino com
quatorze ou quinze anos, era inicio do anos noventa, ainda corria rockn roll em
minhas veias, opa, perai , ainda corre, é que naquele tempo sonhávamos em ser artistas, sonhávamos em ser um titãs, um Paralamas,
um engenheiro do Havaí, até mesmo um
legião urbana, enfim éramos adolescentes sonhadores, vivíamos com nossos
violões pelas ruas da cidade, qualquer cantinho se transformava em palco,
qualquer um era uma grande multidão, e mesmo sem saber tocar bem, tocávamos e
cantávamos.
Eu carregava meu
violão para todo canto particularmente, para escola, para igreja para o
trabalho era meu fiel companheiro juntávamos
alguns amigos, e procurávamos outros amigos que estavam aniversariando naquela semana,
geralmente as sexta feiras nos juntávamos e na virada da noite procurávamos as
casas dos aniversariantes e cantávamos o parabéns pra você e algumas outras
musicas, sempre éramos bem recebidos, bom nem sempre, algumas vezes nem abriam
janelas ou portas, já em algumas ocasiões,
ganhávamos bolo refrigerante e elogios, as vezes não conhecíamos o
aniversariante mas o que importava era a bagunça e a diversão.
Em uma noite
dessas, fomos a um bairro do outro lado da linha, não me lembro de quem era o
aniversario se era de homem ou mulher, e tão pouco como fomos recebidos, saindo
do local da nossa serenata, paramos em um pontilhão de madeira hoje já
transformado em ponte de concreto, por onde o trem passava por baixo e por
nossa sorte naquele momento havia um cargueiro passando, ficamos ali parados
olhando para o cargueiro que passava abaixo de nossos pés, e inconscientemente,
começamos a tocar nossos violões ao ritmo do trem, acabamos nos sentando no
parapeito e ficamos por ali após a passagem do trem, tocando algumas musicas,
em companhia do violão eu também carregava comigo, uma flauta doce as vezes
para realizar uns arranjos diferentes nas musicas. Estávamos ali tocando e
gargalhando, imagino que já se passava das duas da manha, casas ali não existiam
apenas a delegacia militar a uns cinquenta metros dali.
Todos alegres e
contentes com os acordes, nem sempre corretos, mas cantando e tocando, até que
as luzes da delegacia começou a se acender, nos julgávamos protegidos pois
estávamos próximos a delegacia, uma
janela se abriu um vulto veio a janela e ironicamente disse;
_ Bonito, continua!!
Sem nos fazer de
desentendidos, já emendamos uma outra musica e mais gargalhadas, um outro
policial se aproximava de nós com o cassetete
imitando um violão, ficamos contentes,
ao ver a cena, mas logo nos arrependeríamos.
O cassetete logo voltou
a ser o instrumento para que foi criado e enquanto um policial gritava da
janela, nos chamando de vagabundos, filhos da puta e tudo mais que você possa
imaginar o outro tentava nos acertar com o objeto, corri muito aquele dia. Não
me lembro de como sai dali, mas sai e fui direto pra casa, e só sai de dentro
de casa na tarde do dia seguinte, meus amigos também se esconderam em suas casas e ficamos com medo
do que poderia nos acontecer nos dias seguinte, mas nada mais aconteceu. Hoje
me lembro do fato e dou gargalhadas, mas pensar que poderia ser preso ou
apanhar da policia por estar fazendo uma serenata no pontilhão.