segunda-feira, 27 de maio de 2013

ÒDIO




    Existem coisas, que nos acontecem e depois de anos, entendemos ou tentamos entender, somente hoje, depois de trinta anos, eu pude compreender algo que me aconteceu nos bancos escolares.
    Cursava o primeiro ano do ensino infantil sendo alfabetizado por uma das melhores professoras que existiam na cidade, estavamos estudando palavras com a letra D, como Dia,  Duas, Doce, dedo e aquela que seria minha algós por quase um més, ódio. Em todas as liçoes eramos sabatinados pelo ditado, frente a frente com a tão temida professora, sentavamos em sua mesa, e ela com uma ficha com varias palavras, nos apontava uma para que lessemos, sem gaguejar com todos os assento que pudessem ter com a pronuncia perfeita, aqueles que nao se davam bem,  ou nao completassem o ditado, nao eram promovidos para a proxima lição, e teriam que se sentar na fila dos atrasados, hoje em dia isso daria processo ao professor que  usasse tal pratica.
    Chegou minha vez, fui chamado me sentei olhei para a professora e começamos com o ditado oral. Ela apontava eu lia e vinham as palavras e eu respondendo, até que chegou em exatamente nessa palavra. Foi apontada pela primeira vez eu enrolei e nao saiu nada, ela incistia na mesma palavra e eu não conseguia ler aquele assento agudo, mudando o som de o, para ó; resultado, fui levado para a fileira dos atrasados.
    Teria nova chance, de sair dali, na proxima semana apenas, seria uma semana estudando arduamente para me sobressair, passei aquela semana, estudando as proximas liçoes, passando por todas as outras letras, vogais e consoantes que me apareciam, até que o dia chegou, nao me lembro agora corretamente qual era a liçao, do dia, mas nao poderia faze-la sem antes encarar o ditado oral da semana anterior.
    E recomeçamos, falei todas as palavras mas chegou nela novamente, aquele assento agudo, me fez parar, tremer, olhar para os lados, fazer cara de choro e chorar, esse foi meu primeiro choro na escola, foi algo mais desesperador, que o primeiro dia de aula, quando todos choram pois as mães nao podem ficar junto dos filhos, mas eu chorava por nao ter minha mãe por perto, por estar em dificuldade e nao ter quele colo gostoso para me jogar e pedir ajuda. Assim eu chorei pelo Òdio.
    Mais uma semana se passou, mais uma semana na fila dos atrasados agora duas liçoes atrasado, e aprendi que o choro de nada adiantaria, pois nao comoveria a professora, apenas seria motivo de chacota dos outros alunos que sem dó nenhuma bravejavam que eu era da fila dos atrasados e que chorava nos ditados.
    Foi entao que minha pequena vidinha começou a mudar, a palavra dó possui um assento agudo, e o dó é uma das notas musicais, começei a estudar musica naquela semana,  aprendi sobre a nota dó, e logo fiz a analogia entre dó e ódio.
    Que os sons dos "ó" eram o mesmo, assim quando fui chamado para o ditado, nao titubiei, cheio de confiança fui resppndendo palavra a palavra, até chegar no ódio, palavra que falei sem nenhum enrosco, me lembroque ao pronunciar essa palavra a professora me olhou e parou por ali, puxando uma nova ficha com novas palavras, para eu pronunciar, onde todas foram pronunciadas com desenvolto e logo em seguida outra ficha ao qual passei sem resseio algum e mais um outra, pronto estava de volta a fila dos adiantados lugar de onde nunca mais sai.
    E depois de anos descobri que eu nao pronunciava a palavra òdio nao por, nao conhecer o assento agudo da mesma, pois mesmo sem assento, nao era capaz de pronuncia-la, essa palavra nao saia de minha boca pois nao era e nao sou capaz de ódiar, simplesmente nao cultuo o ódio, palavra a qual me esqueci novamente depois daquele ditado.



 by Alexandre choko

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