quinta-feira, 29 de julho de 2010

Lendas


Garotada toda reunida no play, do prédio, todos o fim de tarde a cena se repetia, meninos e meninas juntos alguns nos brinquedos outros correndo e alguns na caixa de areia, já que terra ali era raridade, mas criança é criança em qualquer cidade. A família fazia pouco tempo que acabara de se mudar para a cidade grande, os três filhos do casal acostumados a viverem, soltos o dia todo no interior. A mãe sempre falava _ no interior as coisas andam mais devagar_ e realmente isso acontecia naquela cidade tudo era muito rápido para eles.

As cinco horas tinham que estar em pé, as cinco e meia parados na frente do prédio as seis horas a van os deixam na porta da escola e as seis e meia iniciavam as aulas, meio dia e dez, entravam na van, meio dia e quarenta estavam na porta do prédio as treze horas almoçando, a partir daí a vida corria lentamente como no interior. Mas sem a alegria se correr pelas ruas, sem poderem soltar pipas, subirem nos pés de frutas dos vizinhos e nem esperimentar o delicioso bolo de fubá da vovó ou o caldo de cana do tio Antonio.

O bom disso tudo foi que o pai com pena das crianças havia comprado um video game de ultima geração para os filhos um tal de atari que já vinha com dois controles e mais de duzentos jogos sem precisar comprar cartuchos, mas o chato nisso tudo é que dois controles não era suficientes, eles precisavam de três. Sempre rolava uma briguinha entre eles para ver quem jogaria primeiro.

No decorrer da semana foram fazendo amigos entre os moradores do condomínio, muitos dividiam o espaço na mesma van e estudavam na mesma escola, e criança se aproxima fácil uma da outra mesmo sem ter nada em comum. Sempre que eram interrogados de onde vieram respondiam quase juntos _ do interior_ e issa resposta lhes valeram o apelido de “interior”. E assim ficou conhecida a familia toda no condomínio onde moravam.

E voltamos ao play do prédio, todos brincando gritos de crianças pra lá e pra cá, barulho de carros passando a rua logo ali ao lado do muro, mas La no fundo entre as arvores um grupinho se reuniam com a família “interior” a Irma mais velha então contava a seguinte estória:

Um homem namorava uma linda mulher, do outro lado da serra, todos os dias ele subia a serra do seu lado e descia a serra para ver a sua linda namorada. Certo dia o boato que um lobisomem rondavam as redondezas começou a correr por ali, alguns desacreditavam da estória, outros se precavinham e não saiam de casa depois de uma determinada hora não abriam portas nem janelas com medo do tal lobisomem.

Enquanto ela narrava a estória todos ficavam em silencio e encolhidinhos, chamando a atenção de outras crianças que se aproximavam para ouvir também, logo todos os brinquedos estavam vazios e não havia mais ninguém correndo pelo play, apenas uma grande roda de crianças ouvindo atentamente a estória que seguia.

Uma noite de sexta feira a lua cheia a brilhar no infinito do céu e o mocinho sai de sua casa subindo a serra para ir se encontrar com a sua futura esposa do outro lado da serra. Já no inicio do caminho ele ouve barulhos estranhos vindo do mato e sabia que aquele barulho não era normal, pois ele era grande conhecedor dos sons da natureza, para ele parecia que os animais estavam com medo de alguma coisa, mas não se preocupou assim mesmo continuo seu cominho pela trilha que o levaria até a casa se sua namorada.

Desceu a serra cantarolando para esquecer dos barulhos ouvidos do outro lado e sem se lembrar dos boatos sobre o lobisomem que todos comentavam nas redondesas, Já na casa de sua namorada foi convidado a se sentar na mesa do jantar que estava servido e sem serimonia alguma aceito o convite e foram comer, durante o jantar, o seu futuro sogro o lembrou das lendas e o interrogou se havia visto algo estranho pelo caminho já que era noite de lua cheia e o tal lobo misturado com homem, gosta desse tipo de lua. Ele então se lembrou dos barulhos estranhos mas, achou tudo normal porque na lua cheia os animais ficam mais agitados mesmo, alguns até usam essa lua para seduzir as fêmeas de sua espécie. E assim seguiu o jantar, depois enquanto as mulheres davam um jeito na cozinha os homens foram “pitar” no pé da porta, jogar conversa fora com um gole de café, e novamente alguém tocou no assunto do lobo, e riam muito com varias estórias ouvidas de um e de outro sobre pessoas que se encontraram com a besta fera e se apavoraram. Com isso a noite foi passando e o rapaz já sentindo que o pai da moça queria se deitar foi até a cozinha onde ela estava com sua mãe e mais outra irma e se despediu, e foi seguindo seu caminho serra acima, enrolando um fumo em seu paieiro para pitar pela subida, assim que ele sumiu entre as folhagens da serra o pai de sua namorada fechou as portas apagou o lampião e foi se preparar para se deitar. E o rapazinho subindo a serra despreocupadamente, já no meio da subida ouviu novamente sons estranhos uivos parecidos com cachorros e cada vez mais próximos , olhando para as estrelas, então se deu conta das conversar sobre o lobo e seu coração começo a palpitar mais forte e mais forte e mais forte, já no topo ouviu barulhos vindo a se encontro mas era normal haver gado pastando por ali então aconteceu. Ele deu de encontro com algo grande e peludo na sua frente. Voltou- se e correu como nunca morro abaixo, seguindo a trilha que o levaria a casa de sua namorada, gritava com toda a força de seus pulmões, chamando sem por sua mãe, descendo loucamente serra abaixo vendo somente uma límpida luz no final da trilha. Ao escutar seus gritos se socorro, um dos irmãos de sua namorada se levantou e fui a janela ver, o que acontecia e como a noite estava clara pode ver um homem correndo e algo grande e peludo logo atraz, pegou então a velha espingarda, abriu a porta e se posicionou para atirar, mas a fera estava escondida atrás do homem não poderia atingir a bestafera sem atingir o homem que ela perseguia e os dois se aproximavam da casa, o desespero foi aumentado com isso toda a família estava ao lado de fora da casa.

Enfim reconheceram o homem que corria da fera pelas roupas que usava, a família toda torcia angustiada para que aquela maratona terminasse bem, ele vinha descendo velozmente, o tal lobisomem a quase rasgando sua camisa, o pai então pediu para que todos entrassem em casa, e ficou parado na porta com sua arma na Mao fazendo a mira, esperando hora de atirar mas não conseguiria um tiro perfeito quando notou seu genro já estava a metros e sua casa a fera no seu encalso pronta para lhe pegar, e em um pulo sem igual entraram porta a dentro os dois um agarrado ao outro olhos arregalados de medo e sem fala, enquanto a porta se fechava atraz deles, e ouviam barulhos de unhas se encravando nas paredes de madeira da casa. Aquilo durou por alguns momentos e dentro da casa eles mal respiravam de tanto medo e pavor, não sei por quanto tempo durou aquele martírio, mas naquela noite niguem mais durmiu naquela casa, tanto era o medo que rondava aquelas pessoas.

Dia seguinte já com o sol a pino tomaram coragem e saíram todos e que surpresa ao ver a casa toda arranhada e escavada ao redor de suas fudaçoes, algo parecido com unhas humanas mas um tanto maior e ao mesmo tempo lembrava cachorros mas seria um cachorro enorme algo inexistente na casa. Então todos concordaram que só poderia ser mesmo o lobisomem.

Ao termino dessa narrativa as crianças todas estavam assustadas, quase não piscavam e não se mexiam, e um cão nas redondezas resolveu soltar um latido, foi uma correria total pelo play ,crianças buscando o caminha de suas casas, correndo para elevador de serviço e algumas até chorando de medo mesmo, enquanto os irmãos riam de suas estórias. De suas lendas.


by choko

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